quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meias Palavras




     E assim minha carência vai sendo desmaterializada em palavras. Um aperto mais forte na mão. Uma arrumada no cabelo, à nuca levemente tocada, juntamente com digitais deixadas nas costas. Uma mão na coxa para que se preste atenção no que é dito. O olhar na boca. A boca nos olhos. Contatos espreguiçantes de pés. E o abraço meio largado no caminho até a cama. Todos os movimentos friamente observados, analisados e amados. Lá se vão valiosos segundos que valeram por horas.

Sweet Smoke



     Peguei o que estava sentindo, acendi, puxei e traguei. Acho que foi o único trago que me fez bem. Não posso negar que me engasguei, não por ter coisa misturada, é até bem natural, mas por ser forte; e também pela minha incontrolável sede de sentir o Maximo possível, por medo de acabar. É. Talvez você seja meu único vicio que faz bem, por favor, não deixe esse cachimbo apagar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Charles Chaplin


A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

sábado, 15 de outubro de 2011

A tempestade está a caminho.


   Todo mundo esconde quem é pelo menos por um tempo. Às vezes você esconde uma parte de si mesmo tão profundamente que precisa ser lembrado que ela ainda está lá. E às vezes tudo que você quer é esquecer quem você realmente é por inteiro. E quanto a mim? Talvez eu nunca torne a pessoa que você realmente queria que eu fosse, mas eu não resistirei em tentar. Agora sou algo inteiramente novo, com minhas próprias regras. Percebi que meus dias estão contados, é melhor eu aproveitá-los.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ela te faz



  Ela sente as gotas da chuva se misturar com as gotas da alma. O mundo já não existe mais. Ela passou por um século de emoções, tem a experiência de mil anos, a força de Deuses em guerra e a beleza e sensualidade de 70 virgens experientes em fazer acontecer o amor. Ela tem bagagem de mais para de preocupar com qualquer olhar trivial recebido em uma noite de sexta. Toda sua experiência à fez mais mulher.

  Ela ergue a cabeça e passa mais alta que prédios, quando põe no pé um salto e no rosto um olhar firme, nem se pode comentar. Quem realmente a conhece senta e bate palmas. Ao vê-la é impossível não perder ao menos um segundo de ar. Passando tira gritos do fundo das almas mais desatentas. 

  Seu companheiro? Que dó tenho dele. Pobre expectador, como andar ao lado de quem retira suspiros até de outras.

  Mentes pequenas olham e tentam desvendar seus labirintos, mentes grandes pensam compreende-la por total, mas coitados, mal sabem eles que agora perto dela, já não são.

  Sua voz ecoa como o mar de ondas tormentosas nos devaneios de quem ouve, voz que surge, voz que destrói. É bom ter cuidado ao ouvi-la. D’ela não sairiam meias palavras ou meias preocupações com o que se é dito. Sua boca desenhada à tinta óleo, pode ser a glória e a perdição.

  Seu companheiro? Ah, que sorte a dele.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Me absorva



   Enquanto os Sóis do Oeste não se põe, sofro em silencio. Enquanto o México não sobe a cabeça, me guardo. Quando o grande dia chegar, esteja lá pra me ver. De olhos vermelhos, saltarei para outro céu, desamarrarei nós e desprenderei os cravos de um peito que está denso.

  Manterei o que por mim foi assinado. Jurei com sangue frio que não seria primeiro. Serei segundo quando segundos desejos me trouxerem pra dentro do corpo. Não desviarei meus olhos para coisa alguma. Não desviarei meus objetivos para coisa alguma. Não faltarei com minhas juras por dor alguma. Não. Não. Não...
   
  Sou eu aqui, nada mais. Sou nada aqui. Aqui eu sou. Sou mais eu aqui. Não quero ser só. Não quero que minhas jornadas sempre terminem comigo. Eu no fim. Só eu no fim, nada mais.

domingo, 2 de outubro de 2011

If you're a bird. I'm a bird.



      Chego de uma noite com o pescoço doendo de tanto perseguir com queixos altivos a sua beleza. Minhas pupilas já estão relaxadas de tanto ficar dilatando a cada vez que o canto de sua boca sorri. Cada centímetro de mim quer ter a mais fina boca francesa pra degustar cada centímetro teu.
      Na ultima noite medi suas costas com uma língua imaginária, e a saliva acabou bem perto da nuca.
      Você pronta pra dormir me emociona mais do que cem garotas angelicais lendo Dostoievski em puro russo. Eu dedicaria cada segundo da minha vida em vesti-la, alimentá-la e animá-la.
      Você me dá ânsias em lugares que não tenho. Você sorri com sua cara séria e nunca sei se você está se divertindo ou odiando tudo. Fico preocupado, mas logo suas pernas me tiram a atenção. “Pernas longas, passos curtos e rápidos” isso fica girando em minha mente para que não a viole em pensamentos.
      Quando vendo um filme, encaixa em meu ombro, o filme acabou. Como prestar atenção em algo? Você está ali, é como se todas as outras coisas explodissem. É realmente prazeroso esquecer-se de tudo, só porque você é linda.
      Você anda ainda mais bonita por não saber de tamanho poder. Fica frágil e sente ataques de ansiedade. E desaparece. É um pouco egoísta de minha parte, mas que linda! Que linda que você fica em ataque de ansiedades.
      Olha, é assim que acontece: num dia qualquer alguém nos amassa, nos apaga, nos destrói. E claro, tudo da forma mais dramática possível. Num belo dia, a vida nos presenteia com alguém que, simplesmente, nos escreve de novo. E estou aqui tentando te desmaterializar em palavras.
      Você num quadro, milhões de euros, eu pago com gosto e sem pressa o preço mais caro do mundo. Mas em centavos, para que nunca termine a imensa oferta da sua beleza.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

State Of Mind



     Espaços vazios foram preenchidos, sente-se a mente mais próxima. Ouço as lagrimas caírem como uma chuva, mas caem de longe, longe do branco, do bem. Olhos já não são nublados, a pele já pode ser sentida junto com a pele. No coração moi-se força pra uma mente que antes sangrava pelos seus espaços mais negros.
    O medo silencioso gritou até ser encontrado e extinto. Foi-se no mais profundo para se encontrar e segurar-se para que nao corra mais de si.
    Hoje tenta-se ser seu Próprio, em uma vida tão intensa por causa de outros que outrora se importam. Mesmo assim agora sabe-se que não precisa-se de ninguém para dizer que tudo está bem. Isso é sentido de dentro pra fora. Agora tudo parece tão sublime.
    Conseguiu acalmar seu estádo de espera, está noite encontrou seu “estádo de esprito”. E deixou sentir uma tempestade de adrenalina, até que perde-se e  encontra-se tanto que dominou isso por completo. Agora tem a certeza que toda vez que se perder, irá se encontrar, pois os vales de sua alma já são conhecidos por completo.
    A busca por um coração que não batesse tão friamente foi em vão. Em si, nunca achará, pois onde não há medo do que a mente no seu mais profundo e profano buraco tenha, não há mais nada para se fazer na vida. Preparesse para uma vida só, por ter encontrado o total controle de seu esprito. Agora sobriamente a vida é conduzida por uma alma que já não pode mais ser machucada. Que já não pode mais ser tocada. Que já não pode mais ser alma.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Projetando Palavras



   Arquitetura é a ciência que torna os sonhos e as idéias tão reais que é possível tocá-las. É onde o abstrato é capaz de ser pego e compreendido. É uma ciência tão exata, que erros podem ser admitidos como acertos e serem a parte mais bela de uma arte.
   É a parte civil que apaixona os olhos mais críticos e instiga as mentes mais voadoras. Arquitetura é a idéia que pode brotar de uma aula conceitual, ou também de notas de samba, rodas de bar, mares das ondas mais fortes, das noites mais estreladas e noites do mais puro prazer carnal.
   A estética e a beleza são totalmente relativizadas. Onde há encanto e o entendimento para alguns e o intrigar à outros. É o descanso dos olhares mais estressados, ou acender dos mais mansos.
   Ela aumenta ou diminui os espaços mais complexos, assim como o amor faz com os corações mais apaixonados. Quem usa a arquitetura pra fazer arte, fica tão escravo de sua beleza, quanto um pai ao ter sua primeira filha.
   Os dias vão passar e o encantamento irá aumentar da mesma forma que as edificações mais lindas. Será uma construção complexa, mas que no final tudo que será é uma enorme admiração.