domingo, 27 de fevereiro de 2011

Uma conversa sobre o Amor.



Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
                                                                                                 1 Corintios 13 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


"Ela própria não entende o que se passa. Um ímpeto ou impulso a governa e domina; uma vontade, um anseio se agita, de ir adiante, aonde for, a todo custo; uma veemente e perigosa curiosidade por um mundo indescoberto flameja e lhe inflama os sentidos…
Um súbito horror e suspeita daquilo que amava, um clarão de desprezo pelo chamava “dever”, um rebelde, arbitrário, vulcânico anseio de viagem, de exílio, afastamento, esfriamento, enregelamento, sobriedade, um ódio ao amor, talvez um gesto e olhar profanador ‘para trás’, para aonde até então amava e adorava, talvez um rubor de vergonha pelo que acaba de fazer, e ao mesmo tempo uma alegria por fazê-lo, um ébrio, íntimo, alegre tremor, no qual se revela uma vitória.”

Friedrich Nietzsche - Humano, demasiado humano.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu sei!


      Eu sei que você já sentou no chão e chorou de baixo do chuveiro, por medo de alguém te ver chorando. E eu sei que você já segurou o choro, e fazer isso fez doer. Aliás, todos nós já fizemos isso um dia. Sei que nesse chão, você reviu todos seus conceitos de “pra sempre”, também reviu todos seus conceitos de “correspondência” e de relação perfeita. Como eu já fiz um dia. Sentei, chorei e revi!
      Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que às vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta, que te sufoca, até que você cede e chora. Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto, mas tanto, que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite, eu sei como é tudo isso.
      Ontem mesmo ao sentar de baixo da água quente, com hálito de vodka, no silêncio dos meus pensamentos conversei com Ele. Nós rimos tudo que tínhamos pra rir, choramos juntos e falamos muito sobre você. E em toda palavra via um sorriso no rosto d’Ele, isso me deixou com um conforto inatingível. Agora sei que não preciso mais soluçar e me agarrar a travesseiros tão molhados que me lembram um chuveiro, que faz correr junto com a água quente; lembranças, erros e alegrias incontestáveis.