domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu sei!


      Eu sei que você já sentou no chão e chorou de baixo do chuveiro, por medo de alguém te ver chorando. E eu sei que você já segurou o choro, e fazer isso fez doer. Aliás, todos nós já fizemos isso um dia. Sei que nesse chão, você reviu todos seus conceitos de “pra sempre”, também reviu todos seus conceitos de “correspondência” e de relação perfeita. Como eu já fiz um dia. Sentei, chorei e revi!
      Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que às vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta, que te sufoca, até que você cede e chora. Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto, mas tanto, que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite, eu sei como é tudo isso.
      Ontem mesmo ao sentar de baixo da água quente, com hálito de vodka, no silêncio dos meus pensamentos conversei com Ele. Nós rimos tudo que tínhamos pra rir, choramos juntos e falamos muito sobre você. E em toda palavra via um sorriso no rosto d’Ele, isso me deixou com um conforto inatingível. Agora sei que não preciso mais soluçar e me agarrar a travesseiros tão molhados que me lembram um chuveiro, que faz correr junto com a água quente; lembranças, erros e alegrias incontestáveis.

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